A Reforma Tributária e a Transformação Digital: Quem Lidera o Futuro da Contabilidade Brasileira?
Passados quase oito meses desde a promulgação da Reforma Tributária, os contadores brasileiros ainda tratam o assunto com uma inacreditável indiferença, como se nada de relevante estivesse prestes a acontecer. Em alguns casos, há até quem negue a existência da reforma tributária, ignorando as mudanças iminentes que, sem dúvida, já estão a caminho.
A Falha na Percepção dos Contadores
Para aqueles que já aceitaram a inevitabilidade das mudanças, muitas vezes, a reforma tributária é tratada de forma simplista, como se fosse apenas mais uma “instrução normativa da Receita Federal”. No entanto, essa visão representa um erro estratégico de grandes proporções. Nesse sentido, os contadores brasileiros precisam, agora mais do que nunca, ir além da preocupação com os impostos e começar a organizar suas próprias operações de maneira proativa.
Questões Cruciais para o Futuro da Profissão
Diante desse cenário, surge um questionamento essencial: como os contadores devem se preparar para o futuro? Considerando a situação atual, é importante levantar as seguintes perguntas:
- O Início de Carreira para Estudantes de Ciências Contábeis
Será que um estudante de Ciências Contábeis deve iniciar sua carreira fazendo estágio ou aceitando um emprego CLT no “Depto. Fiscal”, aprendendo sobre impostos e a antiga hiperburocracia? - O Caminho para os Contadores Veteranos
E quanto a um contador veterano, com mais de vinte anos de experiência no “Depto. Fiscal”? O que ele deve fazer a partir de agora?
Essas questões, obviamente, não podem ficar nas mãos da Receita Federal. Portanto, é fundamental que os contadores assumam a responsabilidade por seu próprio futuro, definindo, o quanto antes, um Plano de Transição Tributária para a Contabilidade Brasileira, elaborado pelos próprios profissionais da contabilidade.
A Urgência de um Plano de Transição e Transformação Digital
Além disso, é essencial elaborar planos concretos tanto para a Transição Tributária quanto para a Transformação Digital. Sem esses planos, o risco é que os desenvolvedores de tecnologia da informação aplicada à contabilidade, por falta de diretrizes claras, criem sistemas que atendam apenas às necessidades da Receita Federal, o que certamente resultaria em um viés inadequado e limitado. Em um cenário ainda mais preocupante, esses desenvolvedores poderiam se basear em serviços estrangeiros, o que acabaria por obscurecer o talento, a criatividade e o conhecimento contábil brasileiros. Em vez disso, precisamos, com urgência, valorizar e disseminar essas qualidades pelo mundo.
O Alerta Final: O Destino da Contabilidade Brasileira
Neste momento, estamos em um ponto crítico. Somos a geração que tem o poder e a responsabilidade de mudar o sistema tributário nacional. Se continuarmos inativos ou complacentes, poderemos condenar a contabilidade brasileira à obsolescência, levando ao “darwinismo digital”, onde apenas os mais adaptados sobreviverão.
Conclusão: As Decisões que Precisam Ser Tomadas Agora
Como ainda não existe um plano de transição formal, é urgente que os profissionais comecem, desde já, a se preparar por conta própria. Nesse sentido, aqui estão algumas diretrizes importantes:
- Estudantes de Ciências Contábeis: Não se prenda ao “Depto. Fiscal” e à antiga burocracia. Em vez disso, direcione seus estudos para o GST e a contabilização moderna. Se possível, adie o início da carreira para 2026, quando as mudanças estarão mais claras.
- Contadores Veteranos: Deixe a hiperburocracia para trás e, ao invés disso, direcione sua carreira para o “Depto. Contábil”, onde sua experiência pode ser valorizada e ampliada. Esteja preparado para um choque cultural, mas saiba que há oportunidades de crescimento e melhores salários.
Em ambos os casos, aqueles que têm vocação para a área tributária devem, por sua vez, focar na consultoria tributária. Embora seja uma área promissora, ela exigirá uma preparação sólida devido à alta concorrência.
Em resumo, o futuro da contabilidade brasileira depende das escolhas que fizermos hoje. Não podemos permitir que a Receita Federal ou qualquer outra entidade externa defina o destino de nossa profissão. É hora de tomar as rédeas e moldar o futuro que desejamos.
Jailson Andersen é Contador, Consultor Contábil e Financeiro. Especialista em micros e pequenas empresas, Gestão operacional e planejamentos empresarial. Graduado pela FAE Business School e pós graduado pela UFPR. Sócio e fundador da Anderscont Consultoria e Planejamento Empresarial. Apaixonado por empreendedorismo e dedicado a tornar as empresas “imortais”.